“Eros, o deus do amor, ergueu-se para criar a Terra. Antes tudo era silencioso, nu e imóvel. Agora tudo é vida, alegria, movimento,” (CASTELLO BRANCO, 1987, p.06)
De modo geral, quando se fala de amor, é em conexão com erotismo. Conexão esta com uma ambigüidade que se centra na tensão entre a animalidade e o espírito, entre a carnalidade e a alma. É a partir de tal “poder” que o erotismo une seres frágeis e bipartidos, na esperança de se tornarem em um ser único e poderoso. Poder de gerar senso crítico, de contestar o habitual na busca de fragmentar o cotidiano estático. Essa característica de contestação e senso crítico apurado que o erotismo possui é o fator que determinou na história da civilização sua censura e proibição. Podemos identificar isso em alguns mecanismos de repressão ao erotismo nas sociedades ocidentais, principalmente em sociedades com regimes autoritários, já que o erotismo tem grande poder de influenciar e de tornar o indivíduo crítico. Crítico principalmente com quem o governa e detém o poder do veto. Além do mais, o erotismo aproxima o homem do belo, da perfeição da natureza, na busca pela totalidade. Para continuar o raciocínio, precisamos definir o que é belo: belo é a ligação com o divino, é a sensação de prazer quando se lê, vê ou escuta algo agradável. Para ROCHA, “ O belo – para o ensaísta Ápio Campos – é conseqüência da recriação artística da realidade, da fraternização do artista com Deus.” (ROCHA, omline, 2000, p.66)
Então, o erotismo encontra o belo para alcançar a totalidade, ao mesmo tempo que possui um senso crítico. Com isso, identificamos um outro processo social que possui também um rompimento com as leis estabelecidas e que busca o belo: é a arte. Para CASTELO BBRANCO, “Outro desses processos, e talvez o mais Poderoso, porque menos facilmente manipulável e, por isso, mais ameaçador à ordem social, é a arte.” (CASTELO BRANCO, 1987, p.12)
A arte compartilha o mesmo impulso de totalidade do ser, a busca de romper com ordens estabelecidas e de seduzir o seu espectador. O primeiro contato com uma obra de arte não é primeiramente racional. Embora a razão possa interferir através de julgamentos de valor, a arte estabelece com seu espectador um sentimento erótico. O primeiro contato com a arte sempre é sensual, instigante, misterioso e sedutor. Uma peça artística sempre irá nos tocar o sentimento, o sensorial e, por que não?, o espiritual. Isso faz com que a arte nos agregue, nos aproxime e nos conecte. Então, o erotismo nada mais é do que a essência do Ser, essência da Arte, essência do Belo; é a essência de todas as produções humanas. O erotismo influencia a busca desenfreada do ser humano pela sedução. O erotismo, somado com o corpo, impulsiona e serve como fonte de inspirações para as realizações da humanidade nos seus campos de atuação, como as artes e as ciências.
“Todas as grandiosas criações da humanidade foram concebidas e desenvolvidas em uma psicologia erótica. As curvas e linhas da arquitetura, as formas aerodinâmicas das aeronaves, dos automóveis, as formas dos aparelhos eletrodomésticos, os móveis, as decorações, a literatura, o desenho, a pintura, a escultura são alguns exemplos do espírito erótico que envolve todas as atividades humanas bem sucedidas.” (GLOBAL ENTRETENIMENTOS, online, 2009)
As curvas do corpo são algumas das formas mais exploradas para seduzir; a objetificação do corpo humano não gera apenas o desejo de possuir o corpo como bem material, mas também faz com que o corpo seja a inspiração para as formas de objetos e embalagens de produtos. Propagandas com alto teor de sensualidade e erotismo, muitas vezes ilustradas pela figura feminina, são utilizadas não para produtos eróticos, mas sim para produtos diversos, com a finalidade de serem provocativamente interessantes, buscando sempre seduzir o consumidor.
Fonte:
Tetra Filmes